CULTURA 2023

Por vezes idealizamos algo e quando damos conta apercebemo-nos de que a realidade é bem melhor. Alex e Molly provêm de mundos diferentes mas irão embarcar numa aventura em conjunto que irá mudar as suas vidas.

A vida universitária traz consigo um mundo novo, novas amizades, novas aventuras, novas relações, sonhos que se realizam… ou não! A vida de Alex tem sido uma montanha russa, a mãe, a namorada, o trabalho, os estudos, nada a deixa respirar um segundo, porque quando respira tudo se desmorona.

Molly tem tudo controlado, até o guarda-fatos e por cores… só que não! Porque vive sem respirar cada vez que pensa em Cora que mal sabe da existência dela e é então que tudo se descontrola.

Quando Alex e Molly se unem para atingir os seus objectivos individuais o improvável acontece! A história tem um humor bastante engraçado e curiosamente foi escrito por um casal LGBTI+ que se desafiou mutuamente a escrever este romance.

They/Them surgiu em 2022 e é um filme de suspense sobre um campo de “terapias de conversão”. John Logan (Hugo/Sweeney Todd) escreveu e dirigiu o filme que conta no seu elenco com Kevin Bacon, Theo Germaine entre outras caras conhecidas.

Um grupo de jovens LGBTI+ é forçado pelas suas famílias a ir para um acampamento onde se realizam “terapias de conversão”. Uma equipa aparentemente simpática recebe o grupo com o intuito de os fazer acreditar que compreende o que sentem e vivem, mas as aparências enganam.

O filme mistura o suspense com pseudo-terror, mas se virmos as coisas por um prisma diferente, talvez o terror não seja aquele pelo qual o filme foi classificado, mas sim o conceito de “terapias de conversão” sinceramente.

Simon Snow está envolto em magia, de uma forma desastrosa digamos. Começamos a ler e de alguma forma sentimo-nos em casa e já tínhamos saudades disto, mas temos um twist brincalhão nesta história.

Rainbow Rowell transformou as personagens do livro que Cath lia em “Fangirl” numa triologia deliciosa. Para já, em português temos apenas o primeiro volume, mas é possível adquirir a colecção completa em inglês.

Sim, temos uma escola de magia e sim temos um escolhido, mas teremos contornos diferentes nesta história e para quem já tem saudades de um pouco de magia, esta é uma opção deliciosa e bem divertida, e Simon Snow não pára de nos surpreender.

Anything´s Possible é uma doce história de amor dirigida nada mais nada menos do que Billy Porter!!! Para quem não conhece, têm trabalho de casa e pesquisem POSE minha gente porque não sabem o que estão a perder.

Kelsa é uma rapariga trans a viver a sua adolescência e a sonhar com o próximo grande passo da sua vida, a faculdade. Khalid é o rapaz tímido que facilmente conversa nos forúns online mas que ainda tem muito para descobrir sobre como funcionam as relações e o mundo lá fora.

Conceitos pré-concebidos, preconceitos e discriminação misturam-se com primeiras sensações, paixão e desafios adolescentes. Uma receita explosiva ou um dia na vida de alguém LGBTI+. Tudo é possível, é assim que se apresenta este filme, apesar dos desafios que muitas vezes nos surgem pela frente. Nem sempre, no meu ponto de vista, por vezes temos de dar a volta às situações, mas se a vida te dá limões, faz limonada :).

No auge da Guerra Fria, um jovem recruta apaixona-se por um piloto numa base da força aérea soviética. Firebird, lançado em 2022, conta a história de Sergey Fetisov baseada nas suas memórias publicadas na década de noventa, “A Tale about Roman”.

É uma história de coragem, amor e medo durante a Guerra Fria, onde todas as pessoas da União Soviética, identificadas como homens eram forçadas a cumprir o recrutamento obrigatório. Sergey viveu durante dois anos na Base da Força Aérea Soviética na Estónia ocupada e foi aqui que conheceu Roman por quem se apaixona.

Só que à semelhança do que acontece na Rússia de hoje a homossexualidade era proibida e entre militares era punida com pena de prisão segundo o Artigo 121. Em 2013 surgiu uma Lei que proibia a “propaganda gay”, lei essa que tem vindo a sofrer alterações severas restringindo cada vez mais os direitos LGBTI+ da população Russa, levando a que este país se encontre em quadragésimo sexto no Mapa dos Direitos LGBTI+ segundo a ILGA Europe.

A grande maioria das pessoas em Portugal conhece o “milagre” das rosas, mas será que aconteceu exactamente da forma como ouvimos contar? Diana Pinguicha virou a história ao contrário e trouxe-nos uma lufada de ar fresco com uma versão fabulosa do tradicional “são rosas, senhor, são rosas”.

A Maldição de Rosas, conta a história de uma princesa que ainda não é rainha, que possui uma maldição em que tudo o que tenta comer se transforma em flores, com espinhos e pétalas dentro da sua boca. Fragilizada e à beira da morte, esta princesa tenta de tudo para se salvar, ao mesmo tempo que tenta salvar o povo do país onde vive, que padece de um mal semelhante, morre de fome por má distribuição de bens e dinheiro como vem sendo hábito em reinos portugueses.

Será esta princesa capaz de transformar esta maldição e de que forma ela pode ser quebrada ou dominada? Este livro saiu em 2023 em Portugal e apesar da escritora ser portuguesa, originalmente o livro foi publicado nos Estado Unidos da América. Foi uma surpresa fantástica e recomendo vivamente que leiam esta versão do milagre das rosas, e prestem atenção aos pormenores, porque lá pelo meio tem imensas metáforas!

My Policeman, escrito em 2012 por Bethan Roberts, foi adaptado para o cinema vinte anos depois, e não deixou de deslumbrar. O livro é fabuloso e o filme não lhe fica atrás, trazendo a reboque Harry Styles, que para quem não está a par destas coisas, cresceu nos One Direction e Emma Corrin, que brilhou em The Crown com a sua interpretação da princesa Diana.

A história decorre na Grã-Bretanha na década de 50, Harry Styles protagoniza Tom, um polícia que luta contra a sua essência, num turbilhão de sentimentos, numa época em que a homossexualidade era ilegal e condenada com pena de prisão. Emma é Marion a eterna apaixonada por Tom e Patrick (David Robert Dawson – The Last Kingdom) é a terceira parte deste triângulo.

Com uma fotografia fantástica e uma representação sublime, a história está carregada de sentimento e é contada de uma forma maravilhosa, que vale a pena ficar a conhecer, quer seja na forma de livro ou filme. (Versão portuguesa – O meu Polícia)

Quero apenas o melhor para ti, é um romance sobre Não Binariedade que nos envolve lentamente e teima em não nos largar, escrito no sistema ELU. No dia em que se assinala “O dia do Coming Out” trazemos uma história sobre “sair do armário”.

Mason Deaver escreveu uma história sobre duas pessoas que se encontram e usou linguagem neutra. A Desrotina, editora em Portugal, está de parabéns por ter usado o sistema ELU, ainda que não seja oficial, respeitando desta forma a obra de quem escreveu o livro.

Ben passou a vida a tentar ser o mais invisível possível, pois foi a forma que encontrou para sobreviver durante o seu crescimento, até que resolveu gritar quem era para os seus pais e foi ai que a realidade que parecia não existir ganhou a forma de um Yeti!!!

Nathan é extrovertido, mas também ele esconde o que sente, porque nem sempre o que vemos nas outras pessoas é tudo o que elas são por dentro. Quando estas duas pessoas se encontram, os seus mundos já estão a mudar mas garantidamente nunca mais voltarão a ser os mesmos.

Será que o dia em nascemos nos define? Ou serão as nossas vivências, experiências e memórias? As sombras de uma azinheira de Álvaro Laborinho Lúcio foi uma surpresa.

Tropecei no livro pela capa, chamou-me como tantas vezes os livros fazem e ficou a ecoar nos meus ouvidos. E curiosa como sou fui ver de que se tratava para ver se de alguma forma se enquadrava nas publicações do site ou se seria “somente” mais um livro para eu juntar à minha colecção de curiosidades.

Lançado em 2022, este romance divide-se em dois, duas histórias separadas, ainda que de alguma forma unidas. A vida de Catarina começou no dia 25 de Abril de 1974 e a de João talvez tenha terminado nesse dia.

Lez Bomb é o romance típico de quadra festiva, mas desta vez no Dia de ação de Graças e que saiu em 2018. Realizado por Jenna Laurenzo que protagoniza Lauren, a história desenrola-se à volta de uma família que tradicionalmente se junta para celebrar o dia, mas que este ano terá tudo menos um jantar típico de peru.

Lauren quer fazer o seu coming out para a família e escolheu a reunião de família para o fazer, mas parece que cada vez que tenta ninguém a está a ouvir e cada interrupção acaba por juntar uma peça à bola de neve que vai crescendo à volta dela.

O filme tem o seu quê de cómico, com uma família que se tenta apresentar muito séria, quando no entanto acaba por ser tudo menos isso e nem o amigo que partilha a casa com Lauren suaviza a tentativa de fazer o coming out.

Chamem-me Cassandra, escrito em 2019 por Marcial Gala, chegou às livrarias de Portugal este ano e transporta-nos entre Cuba e Angola num misto de sensações e realidades. Marcial cruzou realidades, figuras históricas, diversas identidades e expressões de género, uma multidiversidade de pessoas e seres, que no fim do dia é exactamente isso que compõem a humanidade.

No entanto tal com a diversidade compõe a humanidade também o preconceito, e as múltiplas fobias infelizmente ainda fazem parte deste contexto e também elas invadem o espaço que cada ser ocupa, indiscriminadamente e com violência. 

Great Freedom, premiado por Cannes, é um filme de drama de 2021 que decorre na Alemanha após a segunda guerra mundial. A libertação promovida pelos aliados não significou liberdade para todas as pessoas. As portas dos campos de concentração abriram-se mas nem todas as pessoas que resistiram foram postas em liberdade.

Durante o regime Nazi as pessoas acusadas de homossexualidade ao abrigo do Parágrafo 175, (a legislação sobre sodomia do Código Penal Alemão de 1871) foram deportadas para campos de concentração.

O filme conta a história de Hans que é preso consecutivamente sob o parágrafo 175, a lei que criminalizava a homossexualidade na Alemanha e que durante muitos anos após a guerra continuou em vigor.

Existe inclusive um documentário denominado “Parágrafo 175” de 2000 que descreve as vidas das pessoas que foram aprisionadas pelo regime Nazi, com testemunhos de sobreviventes.

Quando o livro Persona saiu, as cores da bandeira LGBTI+ alertaram o meu olhar, como sempre acontece e peguei no livro. Não conhecia o escritor mas deixou-me curiosa a escolha de um fardamento militar envolvido pelas cores.

Eduardo Pitta faleceu recentemente, mas deixou histórias que nos levam a lugares e a realidades que ainda que possam não ter sido as nossas, foram no entanto as de tantas outras pessoas. Porque também é disso que são feitos os livros, de locais que nunca vimos, de cheiros que nunca sentimos, de imagens que os nossos olhos nunca alcançaram, mas que tanto nos fazem viajar.

É das poucas pessoas a escrever sobre questões LGBTI+ em Portugal, sem tabus e preconceitos. Discute-se por vezes a necessidade da visibilidade das pessoas LGBTI+ em diversos meios e também aqui, na literatura portuguesa são necessárias as saídas do armário.

O primeiro beijo, a primeira paixão! Crush de Sammi Cohen, estreou em 2022 e é uma história muito teen e super fofa. Uma escola, adolescentes e nada é simples, porque a adolescência e crescer podem ser coisas muito complicadas.

Paige cresceu com uma mãe super descontraída e com uma paixão pela Gabriela e pelo mundo da arte, até que foi acusada de vandalizar a escola com grafitis. Em risco de perder a oportunidade de concorrer ao curso de artes tão desejado, é forçada a tomar decisões que nunca julgou ser capaz.

O filme está super fofo e consegue retratar questões do dia-a-dia, mas também aspectos mais pertinentes de uma forma descontraída e inteligente.

Eu, o meu Pai e o Fim do Arco-Íris, é o título do livro de hoje, mas esperem porque o Arco-íris não termina aqui, vão ter de ler esta história fantástica para perceber. Benjamin Dean escreveu um livro doce, catalogado como juvenil mas que recomendo vivamente porque é uma perspectiva fantástica da compreensão e do olhar que alguém jovem pode ter sobre a homossexualidade.

Foi super engraçado porque fui buscar o livro e pensei que era um livro infantil, cartonado e quando dei conta, tenho mais de 300 páginas de leitura à minha frente, o que para mim é óptimo, porque caso contrário ele nem chegava a casa sem ser lido.

E foi toda uma surpresa boa a forma como está escrito e o desenvolvimento da história, a descrição de cada personagem, o enredo que se criou e a importância que se dá a cada pedaço.

Foi premiado com o “The Diverse Book Awards” como o melhor livro infantil em 2022, curiosamente o livro “Ás de Espadas” de Faridah Àbíké-Íyímídé, que já falamos aqui ganhou no mesmo ano o segundo lugar na categoria de Young Adult.

Nós deixamos o link da wook por uma questão de pesquisa se quiserem saber mais sobre o livro, mas recomendamos vivamente a ida a bibliotecas e a livrarias físicas onde podem ver os livros e sentir a magia que os rodeia 😉 E para quem é de Viseu, não se esqueçam que a biblioteca tem imensos livros para ler, está bastante actualizada e diversificada e temos também livrarias onde podem encontrar livros com temática LGBTI+!

5B é um documentário sobre uma ala hospitalar no San Francisco General Hospital na década de 80. Dirigido por Dan Krauss e Paul Haggis, este documentário relata os esforços de um grupo de profissionais de enfermagem e pessoas cuidadoras que abriram a primeira enfermaria especializada no San Francisco General Hospital. Esta ala era dedicada exclusivamente a pessoas que contraíram HIV, e desta forma conseguiram mudar a forma como pacientes recebiam cuidados durante a vaga da epidemia de SIDA na década de 80 nos EUA.

Já vi algumas séries, filmes, já li sobre o assunto, mas confesso que nunca é fácil, e na realidade não é em termos de imagens o mais chocante que já vi, mas por vezes a sensação com que fico é que as pessoas lutavam sem armas e tinham inimigos bastante poderosos, e sinto sempre um vazio. Acredito que mesmo nos dias em que vivemos se algo semelhante voltasse a acontecer, que com toda a certeza a população LGBTI+ voltaria a ser ostracizada sem qualquer problema ou remorso.

Elliot Page, actor conhecido pelas brilhantes interpretações em Juno, Origem e mais recentemente em The Umbrella Academy presenteou-nos com um livro de memórias que vale a pena espreitar.

Editado em Portugal em Junho deste ano, Pageboy é o relato da vida do próprio Elliot, actor, produtor e realizador, que com trinta e seis anos sentiu que a sua história devia ser ouvida. Elliot é uma figura pública e dá voz ao movimento LGBTI+ nomeadamente no que concerne às questões trans.

No seu livro partilha diversas situações pelas quais passou, quer em termos de relações familiares, trabalho, vida amorosa, bem como, questões íntimas e questões sobre saúde mental. É um relato muito pessoal, para lá das portas do glamour de Hollywood.

Love Classified, um romance de fim de semana para ver entre pipocas ou chocolate, sobre as diferentes dinâmicas familiares e o amor. Saiu em 2022 e conta a história de uma escritora que retorna à sua cidade de origem, após uma ausência prolongada para uma apresentação do seu último livro. No entanto esta pode não ser apenas a única razão para o seu regresso.

Entre livros, flores e bowling encontramos Arienne Mandi (L Word: Generarion Q), entre outras caras com as quais eventualmente já nos cruzamos em outros filmes. A história é o cliché amoroso, ao mesmo tempo que envolve dating app’s, mas que sabe bem ver, sobretudo pelo facto de cada vez mais existir a inclusão de personagens e histórias LGBTI+ no cinema.

Escrito em 2019, Género Queer chegou agora mesmo às livrarias portuguesas. A autobiografia em formato de novela gráfica de Maia Kobabe está fabulosa. Eu não sou particularmente fã de novelas gráficas, mas já andava atrás deste livro a algum tempo, na esperança que surgisse uma tradução para português entretanto.

Tenho uma lista longa de livros para ler, entre livros com temática LGBTI+, romances e policiais, tão longa que as pessoas à minha volta já perceberam que ela se assemelha às história interminável. E trabalhar numa livraria ainda que esporadicamente não contribuiu para lhe por um fim muito pelo contrário.

Fui buscar o livro e como por vezes tenho algum nível de distração, não me tinha apercebido de que era uma novela gráfica e senti uma pontada de desilusão, mas quando cheguei a casa e me sentei para folhear o livro não consegui parar de ler.

A verdade é que, passado um bocado tinha terminado e pensado que tinha de passar este texto à frente do que tinha planeado lançar esta semana, porque o livro está muito bom, e a forma como está escrito é fantástica e merece ser lido.

A descoberta da nossa identidade e sexualidade não é uma linha recta como muitas vezes as pessoas pensam, assim como o que sentimos não é estanque. Maia conta a sua história de uma forma tão simples, que acho que é o que falta tantas vezes para que as pessoas percebam a diversidade e multiplicidade de vivências e sentimentos.

Jeremy Pope que vimos recentemente em Pose e em Hollywood representa Ellis French em “The Inspection”. O filme saiu em 2022, foi escrito e dirigido por Elegance Bratton e inspirado nas suas experiências.

A história retrata a vida de um jovem negro homossexual que vive nas ruas, que ao sentir que não possui grandes oportunidades de futuro, se alista nos fuzileiros na expectativa de ter melhores condições de vida.

Ellis agarra-se à esperança de ver a sua mãe mudar o que sente por ele, enquanto tenta ao mesmo tempo passar nos difíceis exercícios do treino, mas chegar vivo ao final do dia será uma árdua tarefa.

E se formos nós, foi publicado em 2018, chegou às livrarias portuguesas em 2020 e conta uma história de amor em Nova Iorque. Escrito por por Becky Albertalli, conhecida por ter escrito o best-seller Simon vs. a Agenda Homo sapiens, que foi adaptado aos cinemas como “Com Amor, Simon” e inspirou o spin-off televisivo “Love, Victor” e por Adam Silvera de “No final, Morrem os dois” de que já falamos aqui no início do ano e que já tem a prequela em português (O primeiro a morrer no final).

Existem locais pré-definidos como românticos e depois existem as repartições dos correios! Mas as histórias não podem ser todas iguais e é isso que faz com que as histórias de amor sejam mesmo isso, histórias curiosas e diversas nas suas formas, e nos seus conteúdos.

Arthur, não é Nova Iorquino mas cruza-se com Ben, um encontro casual que mudará a dinâmica e a vivência de cada um deles. Um livro com desafios, contrariedades e imaginação, porque quando queremos muito algo temos de fazer para que isso aconteça.

O casamento do meu Tio, é um livro fabuloso e como hoje é o dia da criança resolvemos trazer a deliciosa história do casamento do Tio da Camila. Sarah S. Brannen conta a história de Camila, uma criança que adora o tio, mas ele vai-se casar, e todas as pessoas na família ficam muito entusiasmadas. Bom, talvez nem todas! Mas porque será, que Camila não fica feliz tendo em conta que o tio se vai casar com o João, de quem ela também gosta? E será que ela não fica realmente feliz?

Vigil é uma série policial inglesa da BBC que surgiu em 2021 e que decorre a bordo de um submarino inglês. A série tem para já seis episódios e apesar de se ter ouvido falar de uma segunda temporada para este ano, ainda não há episódios novos no horizonte.

Envolvida num ambiente de suspense e mistério, a série conta no seu elenco com duas caras conhecidas, Suranne Jones de Gentleman Jack e Rose Leslie de Game of Thrones e Good Fight. Ambas são detectives e terão de desvendar a morte que ocorreu a bordo de um submarino de mísseis chamado HMS Vigil.

A história conduz-nos ao interior do submarino durante todos os episódios, mas por vezes, traz-nos à superfície para nos embrenhar na vida pessoal de Amy (Suranne Jones) e no mistério do desaparecimento de uma traineira escocesa.

Delilah Green Não Quer saber é o primeiro volume da série Bright Falls de Ashley Blake, mas será que Delilah não quer mesmo saber? Ashley escreveu um romance delicioso editado em Portugal em 2023 e que já tem sequela mas para já apenas em inglês (Astrid Parker Doesn’T Fail).

Por vezes as aparências enganam e Delilah pode não ser bem aquilo que aparenta ser, é fotógrafa e vive em Nova Iorque, mas o dinheiro não estica e quando recebe o convite da filha da madrasta para fotografar o casamento com direito a pagamento, ela não hesita.

Mas nem tudo é um mar de rosas e voltar a Bright Falls, ao mundo da madrasta e da filha Astrid, não é o que Delilah mais deseja, mas quem sabe o que uns dias na cidadezinha lhe podem reservar.

A história está engraçada, um pouco cliché mas vale a pena e também é preciso existirem comédias românticas LGBTI+. Considero muito que é algo de muito positivo, vermos cada vez mais livros com temática ou personagens LGBTI+ nas suas histórias, independentemente de serem personagens principais ou secundárias.

Procura-se Namorado é talvez um cliché, mas honestamente fez-me rir um pouco. Não se assustem com as 442 páginas do livro, porque a escrita flui, e garanto-vos que no início, enquanto lia ia pensando, como é possível escrever uma história com um tema destes em tantas páginas.

Alexis Hall trouxe-nos uma comédia romântica que podia muito bem dar em filme de fim-de-semana à tarde para descontrair que teria a sua piada. Alguém procura namorado porque a sua vida está de cabeça para baixo e precisa desesperadamente de um par para uma festa.

É um livro para young adult talvez, ainda que na fronteira, mas eu agradecia imenso que quem traduz deixasse os “tipo” e as constantes repetições da gíria do discurso falado de parte, era tão melhor ler um livro. E já agora a continuação já saiu, mas ainda apenas em inglês com o título de “Husband Material”.

Como dia 26 de Abril se assinala o Dia da Visibilidade Lésbica trazemos uma história sobre mulheres e os seus desafios. A League od Their Own, uma série com muito humor que mistura a história do basebol com o desafio de ser percepcionada como mulher num mundo cheio de barreiras.

Era assim durante a Segunda Guerra Mundial e com algumas nuances é assim nos dias de hoje! Ainda que o mundo tenha mudado a todos os níveis e tenha sofrido mudanças sociais profundas existem questões que ainda estão muito presentes e são muito reais nos dias de hoje.

Este é uma série baseada no filme com o mesmo nome que saiu em 1992 e que teve no seu elenco nomes como Tom Hanks, Geena Davies e Madonna e que nos conta os desafios enfrentados pela liga feminina norte-americana de basebol. A série tem um humor fabuloso mas mostra a realidade dos diversos tipos de preconceitos que as pessoas têm de enfrentar ao longo da sua vida, e digo têm porque eles ainda estão muito presentes na sociedade actual.

Para já ainda só nos presentearam com uma temporada mas os rumores é que supostamente venha uma segunda temporada um destes dias, por isso vamos esperar para ver o desfecho desta história incrível.

“Esperei por ti até tarde, até os riachos de pessoas se irem embora e secarem, até pensar que não te tinha visto.” Nadar no Escuro foi editado em 2020 e chegou às livrarias portuguesas em 2022.

Tomasz Jedrowski, escreveu um romance fabuloso que acompanha o crescimento de Ludwik e a descoberta da sua sexualidade. O nosso protagonista vive num país sufocado pelas limitações da existência de um pós II Guerra Mundial, onde a fome, a falta de meios de subsistência, a censura e o medo imperam.

No entanto o que sente apesar de todas as barreiras e lutas interiores pulsa para se libertar e depois de conhecer o amor não vai querer voltar a viver a enclausura da não existência e da invisibilidade.

Heartbreak High, é uma série sobre uma escola na Austrália que surgiu em 2022 na Netflix e para já conta com uma temporada de oito episódios. Facto curioso é que a série é um reboot de uma produção feita nos anos 90, por isso pode ser que tenhamos sorte e que consigamos ter mais do que uma temporada.

É uma série teen que explora diversas questões bastante pertinentes e que envolvem um grupo de jovens de uma escola. Tem uma componente de humor bastante engraçada à mistura com doses de vida real que as pessoas jovens enfrentam todos os dias muitas vezes sem qualquer tipo de acompanhamento.

Creio que nos faz questionar que a falta de informação é ainda um grave problema da sociedade de hoje, sobretudo das escolas no que diz respeito à sexualidade, afectos e no que consiste o consentimento.

“És a única pessoa bela que vi na vida. Adoro a tua voz e tudo o que tem a ver contigo, até as tuas roupas ou a divisão onde estás sentado. Adoro-te.”

Maurice foi escrito em 1913 e só viu a luz do dia em 1971, a minha edição é de 2021 e só a título de curiosidade se alguém ler este artigo de opinião e tiver outra edição digam de quando é a vossa edição.

E. M. Forster criou uma obra de arte, uma história que narra a descoberta da sexualidade de Maurice, jovem aristocrata inglês que tudo questiona e que se apaixona profundamente ao mesmo tempo que possui diversas lutas internas.

Assombrado pela intensidade dos seus sentimentos não consegue perceber o mundo à sua volta, o que o torna por vezes cruel, mas a verdade é que a vida não nos é dada com um manual e é desta forma que Maurice ganha o conhecimento de quem é e de quem se quer tornar.

Fechei os olhos e por momentos voltei à minha adolescência confesso e foi mais do que divertido, a música, as roupas, só faltava mesmo a série se passar em Portugal.

High School é uma série criada por Clea DuVall baseada no livro de memórias de nada mais nada menos, Tegan e Sara, sim isso mesmo. A série estreou em 2022 e parece que passou um pouco pelos pingos da chuva.

Portanto está recheada de música para além de boa, para quem não foi adolescente nessa altura vão pesquisar o que ouvirem quando estiverem a ver a série porque não sabem o que estão a perder, drama teen à mistura e espantem-se, a Cobie Smulders, a nossa Robin do How I met Your Mother a fazer o papel de mãe.

Crescemos numa formatação heteronormativa e a nossa evolução e crescimento enquanto seres humanos ficam condicionados e quando nos questionamos sobre a nossa existência as barreiras são sempre gigantescas porque não nos deixaram simplesmente ser.

Alice Oseman encantou, não pela tradução, porque perdoem-me ler “tipo” mil vezes num livro não é o meu ideal de leitura e sinceramente não sei como está a versão original, mas é capaz de ter algo semelhante a “like” para terem feito tal tradução. Mas depois de me conseguir abstrair desta palavra a simplicidade com que tudo se encaixa é simplesmente fabulosa.

Sem Amor saiu nas livrarias portuguesas em setembro de 2022 e não teve o impacto nem a divulgação de Heartstopper, o que é normal dado que este faz parte do Plano Nacional de Leitura e que a Netflix o apadrinhou. No entanto é uma pena se não pegarem neste livro que fala de amor na sua forma mais genuína.

Alice envolve-nos em temas ainda muito pouco discutidos e silenciados, negados por muitas pessoas como uma impossibilidade até, a assexualidade e o arromantismo. E espantem-se arromântico não vem no Priberam!

O silêncio e a indiferença de tantas pessoas condenaram à morte milhares de pessoas. A falta de informação ainda é hoje uma arma poderosa.

Os anos oitenta fizeram-se ouvir de várias formas, nos Estados Unidos da América como em muitos outros países muitas foram as pessoas que morreram vítimas da SIDA, mas não só. Foram vítimas também da desinformação, da indiferença, do abandono.

Angels in America possui um elenco fantástico e conta-nos um pouco sobre esses dias negros de uma forma sublime.

A série surgiu em 2003 na HBO e foi adaptada de uma peça de teatro, tendo recebido vários globos de ouro Emmys devido à qualidade com que nos presenteou.

Nem sempre sabemos como tudo começou, mas sabemos que é assim e que não poderia ser de outra forma, sentir por vezes por ser complexo mas também pode ao mesmo tempo a coisa mais simples do mundo.

Ontem à noite no Telegraph Club, foi editado em 2021 e chegou às livrarias portuguesas em 2022 para encantar. Recebeu em 2022 diversos prémios literários, entre eles destacamos o Stonewall Book Award em parceria com o “Too bright to see” de Kyle Lukoff (que ainda não tem tradução para português) na categoria de Children’s & Young Adult.

O Stonewall Book Award é um prémio literário patrocinado pela Comissão Gay, Lesbian, Bisexual, and Transgendered da American Library Association, que distingue anualmente as obras de ficção e não-ficção de temática LGBT publicadas em língua inglesa.

A história decorre na década de cinquenta nos Estados Unidos da América e conta-nos como Lily e Kath se conhecem numa américa a recuperar de uma guerra e com a “ameaça” do comunismo a crescer.

Young Royals é uma série sueca sobre um príncipe que estreou em 2021, tendo sido renovada para a terceira e última temporada.

A série descreve-nos a história de um príncipe que se envolve num escândalo e é enviado para um colégio interno. O colégio é frequentado por jovens de famílias da nobreza e famílias abastadas financeiramente e também por jovens que conseguiram bolsas de estudo mas que provém de famílias sem recursos financeiros.

A chegada do príncipe causa algum furor no colégio, mas para ele é uma forma de se sentir um pouco livre, longe das amarras da realeza, bem como uma forma de autoconhecimento. Por outro lado temos Simon o aluno não residente proveniente de uma família sem grandes posses financeiras cujo mundo contrasta com o do príncipe.

Blackout é uma história para young adult escrita por seis mulheres negras que se desafiaram mutuamente a escrever um romance.

Mas lá por ser conotado como para jovens pessoas eu cá aconselho vivamente a ser lido por quem quiser, por que a história vale a pena. Várias pessoas que estão em nova iorque são apanhadas em diversas situações durante um apagão eléctrico.

Incrivelmente as personagens são todas negras o que é algo extremamente raro num livro e possui inclusive personagens negras LGBTI+. Em suma, é um romance escrito de mulheres negras sobre pessoas negras e com finais felizes. Algo muito raro acreditem.

Cada uma delas escreveu um capítulo e as personagens acabam por ter algo em comum e as histórias acabam por se cruzar. Tropecei neste livro e pensei que eram histórias em separado sem qualquer relação e fiquei super surpreendida por todo o conceito do livro e por não ter visto falar sobre ele em mais lado nenhum.

Fire Island estreou em 2022, foi dirigido por Andrew Ahn e escrito e protagonizado por Joel Kim Booster.

A história desenrola-se à volta de um grupo de amigos que se reúne todos os anos para rumar a Fire Island Pines para sua semana anual de amor e divertimento. A sua estadia dado que nenhum deles vive uma vida financeira que lhes permita custear as férias é sempre feita em casa de Erin, protagonizada por Margaret Cho.

No entanto, as férias tão desejadas vão ter uma notícia que mudará as suas vidas e os acontecimentos que ocorrem fazem balançar a estabilidade e o equilíbrio da amizade que os une.

“Por vezes é preciso sair da zona de conforto para encontrar a nossa verdadeira essência.” Esta é a frase da capa de Golden Boys e a que melhor define a história de Phil Stamper.

Gabriel, Reese, Sal e Heath são quatro amigos que vão passar o verão afastados antes de completar o secundário. Gabriel vai fazer voluntariado para uma organização ambiental em Boston, Sal vai fazer um estágio no mundo da política em Washington, Reese vai para Paris fazer um curso na área do design e Heath vai trabalhar num estabelecimento de uma familiar até então desconhecida.

Os quatro possuem uma ligação muito forte entre si e a distância vai abanar essa realação, o que não significa propriamente que a quebre mas que talvez os faça questionar quem são de forma individual.

É uma história super doce sobre a adolescência, sobre o que é crescer, sobre sentimentos e relações, mas também uma forma interessante de descrever o que tantas vezes nos esquecemos de pensar, no Eu enquanto ser e em quem verdadeiramente somos.

Bros, a comédia romântica estreou em 2022 e apesar de cliché está surpreendentemente engraçada e com um certo humor!

Bobby (Billy Eichner) tem um podcast e envolve-se arduamente na abertura do Museu de história LGBTQI+, algo que gostaríamos muito de ver aqui em Portugal! E Aaron (Luke Macfarlane) sente-se insatisfeito com o seu trabalho que consiste em tratar de testamentos. Vivem vidas completamente diferentes até que uma noite estas se cruzam.

Embora sintam que existe uma química, acreditam que por serem tão diferentes nenhum dos dois está pronto para assumir uma relação e esse pensamento vai sabotar de várias formas a história de amor que inconscientemente ambos tanto querem viver.

Escrito em 2019 por Bernardine Evaristo, Rapariga, Mulher, Outra, ganhou o Man Booker Prize desse ano juntamente com The Testaments de Margaret Atwood, tendo sido a primeira mulher negra a vencer este prémio.

Doze personagens e as suas histórias, numa mistura de origens culturais, sexualidades, classes e geografias que se vão cruzando. Décadas separam as personagens, vivências e lutas são diferentes e tornando a visão de cada uma sobre o mundo e sobre as relações bastante marcada por essa viagem pessoal.

Uma leitura fantástica do início ao fim do livro e que nos transporta por lugares no tempo como se estivéssemos presentes, e é fabuloso quando nos apercebemos da importância que cada uma destas personagens tem ou teve na vida de outra.

Looking estreou em 2014 e conta-nos a história de três amigos e as suas aventuras na cidade de São Francisco.

Patrick, Dom e Augustín são as personagens centrais desta série, e vivem momentos das suas vidas cruciais. Patrick é designer de jogos e tem tido tudo menos sorte no amor, Dom é bartender mas o seu sonho é ter um espaço só seu e acha que está a ficar velho e o tempo urge para alcançar os seus objectivos. Augustín vive a sua vida da arte, mas numa posição de assistente o que não o realiza, além de que a sua relação com o namorado está prestes a ter uma reviravolta.

A série teve apenas duas temporadas mas ainda nos presentearam com um filme em formato de conclusão da história que nos trouxe alguma paz, porque sabe sempre bem ter uma conclusão e um final feliz.

Adam Silvera traz-nos uma história curiosa, a de dois jovens que se conhecem naquele que será o último dia das suas vidas.

No Final Morrem os dois, escrito em 2017 conta a história curiosa de Mateo e Rufus, que estranhamente se conhecem no último dia das suas jovens vidas através de uma aplicação chamada Último Amigo.

Num mundo cada vez mais digital, onde existem aplicações para as mais variadas situações, Adam vai mais longe e envolve as duas personagens numa história em que cada pessoa é informada sobre o dia exacto da sua morte. Além disso tem ao seu dispor diversas ferramentas digitais e não só para utilizar de forma a se permitir sentir o que não irá ter tempo para experienciar.